Precisamos falar sobre o Puerpério

Contar sobre meu puerpério ainda é sensível pra mim, talvez nem meu marido saiba de algumas coisas, mas vamos lá!
Esse mês Joana faz 1 aninho e como estou reflexiva com tudo que vivemos até aqui. Muitos pensamentos, muita novidade, muitos hormônios, tudo muito parecido com a gravidez, só que de forma mais intensa.

Pós-parto no hospital

No hospital ficamos 2 dias. Enfermeiras entrando toda hora, médico 2 vezes ao dia, pediatra ao lado, mimos dos amigos e familiares. Celular apitando sem parar, alegria! Nasceu! “Ela é linda!” “É a sua cara!” “É a cara do pai!” São tantos paparicos e mensagens lindas que seu mundo que já está alegre e completo fica ainda mais radiante!

Meu trabalho de parto durou, como falei no post da gravidez, 13h e meia. Virei a noite com contrações e ansiedade. Joana nasceu às 11:58h. No dia do nascimento poderia ficar com visitas o dia todo, no dia seguinte, só a partir de 14h. Ficamos, como disse, naquele misto de emoção com a família apreciando a natureza perfeita ao nosso lado. Quando todos foram embora, ficamos nós 3 e todo o aparato do hospital: comida na cama, remédios que chegavam na hora certa, tudo, tudo caminhando na mais perfeita paz e harmonia.

Primeiro banho

No final do dia chegou a hora do meu primeiro banho. A enfermeira me levou, meu marido ficou ali perto, mas eu tomei banho sozinha, um dos benefícios do parto natural. Alguns desconfortos por causa dos pontos que tomei (eu tive uma pequena laceração no parto e por isso esses desconfortos), mas posso dizer que o primeiro banho que muita gente fala que é assustador e sensação de vazio, comigo não aconteceu, só senti falta da barriga dura. Olhei para meu corpo e era uma barriga flácida e ainda grande, mas tudo bem, eu já esperava por isso.

Hora de descansar?

Chegou a hora de dormir, e agora? Como seriam as nossas noites? Inevitável pensar nisso e também aquele nervoso porque do meu lado estava uma bebê, a minha filha. Como dormir e deixá-la sozinha? Que sensação estranha.

Eu estava muito exausta do parto e de toda movimentação do dia, então eu consegui fechar os olhos bem até que do nada a Joana começa a engasgar sozinha do meu lado. Acordei assustada e pulei da cama. Ela já estava ficando roxinha, então eu a peguei no impulso, virei de bruços e dei dois leves tapinhas nas costas para desengasgar. Isso tudo foi tão rápido que acho que durou segundos, não deu tempo nem de chamar meu marido e nem enfermeira. Pronto, agora eu estava super nervosa e assustada! Quando a enfermeira entrou para os remédios, eu contei o acontecido e ela disse que isso é super comum e que minha atitude foi correta. Ufa! Que isso nunca mais aconteça e até hoje não aconteceu, graças a Deus!

Amamentação

O mais engraçado da primeira noite foi que ela pensava em chorar e eu e Gabriel já pulava em cima dela. Papais de primeira viagem, não sabíamos por onde começar. Tudo virava peito, que também era novo pra mim. Eu alimentava um bebê com meu peito e, mesmo vendo a vida toda mamães amamentando, era diferente passar por isso. Todas as vezes que eu amamentava meu útero contraia e eu sentia cólicas, o que também é normal nos primeiros dias. Tudo muito novo e muito diferente de tudo que imaginei que fosse. No segundo dia de maternidade tudo correu bem, consulta ao pediatra, visitas, primeiro banho da Joana, tudo certo.

Enfim o dia de sair da maternidade e ir para casa

Chegamos ao grande dia, o dia de viver fora da redoma de apoio da maternidade e encarar a realidade. Crise de choro porque como seria sem as enfermeiras me ajudando? Como seria sem pediatra olhando todo dia? E se ela engasgar de novo? Fiquei com medo de ir embora dali, mas acredito que isso aconteça com todas as mulheres. Antes de irmos embora descobrimos uma leve icterícia na Joana. Nada de grave, mas que precisava fazer exames e acompanhar, levar ao pediatra no dia seguinte e a recomendação de tomar bastante banho de sol.

Chegando em casa com bebê recém nascido

Como mencionei no post da gravidez, eu sou carioca, casada com um Capixaba e moramos no Espírito Santo, ou seja, fico longe da minha família. Minha mãe veio ficar comigo no finalzinho da gravidez, esperando o grande dia. Ela acompanhou e sofreu no parto junto comigo, depois voltou para cuidar da minha casa e do Boris (nosso cachorro) enquanto estávamos na maternidade.

Chegamos em casa e tudo que precisava ela me ajudava (um privilégio ter uma mãe ao lado), mas como tudo que é bom dura pouco, ela precisou ir embora. No final de semana seguinte recebi minha irmã caçula e no outro minha outra irmã mais velha, e que delícia é ter a minha família comigo. Além delas, eu tinha minha sogra e minha cunhada que moram razoavelmente perto para qualquer emergência.

Depois que minha família foi embora, ficamos só nós 3 e a vida de mãe e pai começava de verdade. A partir daí tudo ficou complexo pra mim. Os hormônios eram intensos demais e amamentar me dava uma sensação de vazio, vontade de chorar, medos, me sentindo feia, olheiras, sem tempo para tomar banho, sem tempo para dormir direito, eu achava que meu marido não me amava mais, fiquei muito carente, sentava para amamentar chorando, dias de camisola sem tomar banho até a noite e muitas preocupações.

Baby Blues

Pronto, eu estava vivendo o famoso baby blues. Não chegou a ser uma depressão pós-parto, mas uma melancolia, uma sensação de vazio, mesmo estando tão completa com tudo que sonhei na vida, umas perguntas estranhas vinham na cabeça: O que eu fui fazer? Filho não é tão legal assim! Não julgue nunca uma puérpera e seus pensamentos, os hormônios são intensos e cruéis nessa fase.

Lembro que me meu marido na tentativa de me animar me levou para passear na praia, eu via as crianças brincando com as mães e eu pensava “porque as pessoas acham isso legal?” Eu vi uma mãe passando com uma criança na mão e grávida de outro filho, e eu pensava: Como pode? Jamais terei outro filho! Ao mesmo tempo que tudo isso acontecia, eu olhava para aquela pequena menininha no meu colo e ela era tão lindinha, era tão dependente de mim. O filho é o que te faz passar pelo puerpério e também é quem te ajuda a sair dele. Você cria forças pelo amor. Não é nada fácil, é desafiador demais!

Eu nunca fui uma pessoa de demonstrar tristeza e nem de ficar falando para todos. Meu marido é a pessoa que me abro, mas para os outros eu sempre tive um belo sorriso e sempre tento ser a mais simpática possível, mesmo estando explodindo por dentro.

As visitas ao bebê no Baby Blues

Como sempre amei receber visitas, na gravidez eu sempre falava para as pessoas me visitarem porque eu iria ficar no mínimo 1 mês trancada em casa e isso seria horrível, mas mal eu sabia que o difícil seria receber visitas o dia todo depois de ter um bebê. Algumas visitas me traziam paz, pessoas muito queridas, outras visitas com quem não tinha muita intimidade, me sentia desconfortável.

Teve um dia que tinham 15 pessoas na minha casa ao mesmo tempo, e lembro que aquele dia eu estava muito incomodada e sensível. Fiquei sentada no cantinho do sofá sem falar muito, vendo minha filha passando de colo em colo e ao mesmo tempo uma vontade de chorar ou sair gritando, mas não podia e isso era muito ruim.

Puerpério não é fácil, não é drama. É real, é difícil, mas ele passa e tudo começa a florir depois. O meu passou quando ela completou 1 mês. Hoje acho lindo as mães passeando com seus filhos e também aconselho a cada mamãe perceber o seu momento pós parto.

Não ache que sua vida será como antes, por isso não diga que vai amar receber visitas ou que você não vai ser “fresca” no puerpério, tudo muda e pode mudar na sua vez também. Quando eu tiver outro filho, o que ainda penso e repenso bastante na possibilidade, eu vou deixar as coisas acontecerem, aprender a dizer não quando não estiver bem e ao mesmo tempo saberei que tudo vai passar. Ser mãe é incrível da mesma forma, só precisamos saber lidar com esse período da melhor forma possível!

E você mamãe, como foi esse período pós-parto? Ou como está sendo essa experiência? Você pode compartilhar suas experiências conosco através do instagramCLIQUE AQUI!