Momento único e sublime na história de cada mulher, a gravidez é uma mistura de sensações, sentimentos, ações, preparos, transformações, cuidados, medos e questionamentos. Semana a semana há novos acontecimentos e, para a mãe de primeira viagem, uma pergunta está sempre presente: será que eu vou dar conta?
Perguntamos a algumas leitoras quais são os medos mais comuns. É muito provável que você se identifique com esses sentimentos:
“Esses dias chorei desesperada com medo de não dar conta, medo de não saber cuidar, amamentar, de ele ficar mal e eu não saber o que fazer, de eu morrer e não poder cuidar dele, de maltratarem a criança, de não ter dinheiro suficiente…” (Macádia Gomides Leal – 27 anos – grávida de 30 semanas)
“Não sou muito carinhosa, nem apegada a nada. Então, sinto medo da criança se apegar demais, eu me irritar e acabar sendo ruim com ele. Sinto medo de não saber lidar com choro e com pirraça, não costumo lidar bem com crianças. Também sou muito desastrada e desajeitada, então tenho medo de derrubar, não saber segurar, não saber dar banho, amamentar… essas coisas.” (Mayara Lopes – 24 anos – grávida de 35 semanas)
“Eu tinha medo até engravidar, aí meu medo diminuiu. Só que, agora, na reta final da gravidez, esse sentimento voltou com tudo: medo de não dar conta, de não saber cuidar, de não saber como acalentar quando começar a chorar…” (Andressa Silva, 32 anos, grávida de 28 semanas)
Esses sentimentos são perfeitamente normais diante de uma nova vida que vai nascer sob sua responsabilidade. Muitas pessoas darão diversos conselhos a esse respeito, mas, para ajudar a administrar sua ansiedade, apresentamos algumas provas científicas: o que mudará no seu corpo e no seu cérebro para naturalizar o ato de ser mãe?
Você vai encontrar neste artigo:
A neurociência da mãe de primeira viagem
Em primeiro lugar, o cérebro da mamãe sofre diversas mudanças logo após a chegada do bebê. Um estudo com 25 mães de primeira viagem publicado pela revista Nature Neuroscience mostra que, logo após o parto, ocorre uma diminuição natural da massa cinzenta no córtex cerebral, favorecendo a adaptação à maternidade.
Como esse fenômeno acontece?
Sabe a ideia de que precisamos podar as plantas para que elas possam crescer? A lógica do encolhimento do cérebro é a mesma. O que ocorre é um processo de poda sináptica, muito parecida com a de outros momentos de grandes transições na vida, como a infância e a puberdade.
Portanto, não se trata de um sinal de perda de capacidade. Pelo contrário: essa redução otimiza conexões neurais e permite o surgimento de novas habilidades. São elas que permitem às mamães gerenciar com mais eficiência os temidos desafios da maternidade que foram citados pelas nossas leitoras.
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A primeira grande mudança é a intensificação da empatia, aquela capacidade de se colocar no lugar do outro — especialmente do bebê. Aquele medo de não saber o que ele precisa, típico da mãe de primeira viagem, é substituído por um poderoso instinto materno.
A professora universitária Edyane de Souza Gonçalves se lembra de quando esse sentimento se manifestou pela primeira vez, ainda no hospital. “Que aflição! Meu peito estava jorrando leite e ele não queria mamar. Daí veio a angústia: será que o leite é ruim? Não sei amamentar meu filho?”, conta a mamãe do jovem Matheus Nolasco, hoje com 12 anos.
A pediatra, então, foi certeira: “ela me disse para ficar tranquila, porque ele ainda tinha reserva de energia. Na hora que tivesse fome, eu saberia”, lembra Edyane. Cerca de 5 horas após o nascimento, o Matheus começou a chorar e ela soube exatamente o que deveria fazer. Mas, quando chegou a hora de ir para casa, novos receios surgiram.
“Queria que uma das enfermeiras viesse comigo. Para elas, tudo parecia tão fácil. Tive medo de dar banho, cuidar do umbigo… Como ia dar conta da casa, da comida, das roupas e de um bebê para cuidar? Ele teve muita cólica, chorava muito. Me achava impotente, a pior mãe do mundo”, lembra.
Mas esse tipo de tensão durou pouco tempo. “Depois de um mês, já estava superconfiante. Amamentar e dar banho eram os melhores momentos. Fiquei craque! O contato era surpreendente”.
A parte de “ser desajeitada”, que apavora muitas mães de primeira viagem, também muda após o parto. Além de ajudar a reconhecer as necessidades do bebê, a perda de massa cinzenta também favorece uma atenção totalmente focada na criança. O instinto de proteção aumenta infinitamente, assim como acontece com outros mamíferos.
Ocitocina, o hormônio do amor
Outra mudança marcante na fisiologia da mãe de primeira viagem é o aumento da liberação de ocitocina, o chamado “hormônio do amor”. O pico de produção dessa substância na vida da mulher acontece exatamente durante o parto e a amamentação.
Além de aprofundar o vínculo entre a mamãe e o bebê, a ocitocina aumenta a resistência da mulher ao stress próprio da maternidade. Por isso, se você acredita que não terá paciência com o choro da criança, ou não suportará as noites sem dormir e a tensão constante, fique tranquila! Seu corpo ganhará um reforço muito poderoso e você vai conseguir ser uma mamãe maravilhosa, com certeza!
Sabe aquele ditado que diz “quando nasce um bebê, nasce uma mãe”? Acredite, ele faz todo o sentido. A mulher é biologicamente preparada para esse momento. Não é lenda, é ciência! Apegue-se a essa perspectiva para ter uma gravidez ainda mais tranquila.
Gostou desse conteúdo? Então acompanhe a nossa série Gravidez Semana a Semana e saiba mais sobre o que acontece com o corpo da mãe de primeira viagem e com o bebê durante esse período tão maravilhoso!