Suellen e William formam um casal encantador. Juntos, eles protagonizam um canal no Youtube: “O Nerd e a Cadeirante”, onde contam como é o dia a dia de uma pessoa com deficiência, alegrias e desafios da vida conjugal. Recentemente, a pauta dos vídeos passou a abordar um tema muito especial: Suellen está grávida, realizando o sonho de ser mãe, e William não se contém de tanta alegria por finalmente poder ser pai.
Aos 3 anos, Suellen foi diagnosticada com neuropatia periférica de Charcot Marie Tooth, doença genética que provoca uma degeneração lenta e progressiva dos nervos periféricos, levando à fraqueza e atrofia dos músculos. Um de seus irmãos e outros 4 tios têm o mesmo diagnóstico.
Por conta do enfraquecimento, Suellen sofria muitas quedas e aos 16 anos não conseguia mais andar, adotando uma cadeira de rodas para se locomover. Dois anos depois, aos 18, conheceu William em um sala de bate-papo do UOL.
“Logo no início eu disse que era cadeirante, mas mesmo assim ele quis me conhecer. Então, marcamos um encontro e começamos a namorar. Após 3 anos nos casamos e hoje temos um bebê a caminho!”, comemora a nova mamãe, hoje com 27 anos.
“Não serei hipócrita: primeiro foi a aparência bela dela me chamou a atenção”, brinca William. Ele lembra que, depois de muita conversa, outros sentimentos foram aflorando e se consolidaram no primeiro encontro. “A prova definitiva de que era a mulher da minha vida foi quando virei a esquina e a vi em frente à casa dela. Me apaixonei”, lembra William, mas destaca que ainda não foi exatamente um “amor à primeira vista”.
“Só entendi que a amava quando minhas atitudes fizeram ela perceber isso, e por consequência, as atitudes dela retribuíram o sentimento. Através de Cristo, entendemos que amor não é sentimento: é atitude e ação”, filosofa o marido. Muito fervorosos, eles afirmam terem sido guiados por sinais divinos que mostraram ser a hora certa para trazer um filho ao mundo.
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A decisão da gravidez e sonho de ser mãe
Suellen queria ser mãe, mas tinha muito medo de não conseguir cuidar de uma criança. Aos poucos, Willian foi fomentando a ideia.
“Eu sempre tive vontade de ter esposa e filhos, construir minha família, cuidar e ser cuidado por ela. Mas só queria que acontecesse se fosse algo natural para ambos. Quando ela teve a iniciativa de tentar, só concordei e deixamos rolar”, recorda William.
“Em certo momento, senti paz em relação a esse assunto. Em fevereiro, decidimos parar o anticoncepcional”, conta Suellen. Então, o casal procurou um obstetra para tirar dúvidas; uma delas, era sobre a possibilidade de a criança nascer com a mesma deficiência. “Concluímos que o risco seria de 50% e resolvemos deixar tudo nas mãos de Deus. Em julho, descobrimos a gravidez”, comemora.
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As dificuldades de uma cadeirante grávida
Mesmo com tudo planejado, Suellen conta que a notícia não deixou de ser um baque. “Eu estava focada no esporte, fazia natação e estava iniciando na modalidade de arremesso. Foi uma mistura de sentimentos, mas logo começamos a curtir cada momento”. Ela participava do programa Esporte para Todos, da Prefeitura Municipal de Taubaté (SP), que incentiva o ingresso de pessoas com deficiência no esporte paralímpico.
Suellen se afastou temporariamente da atividade física por precaução. Ela afirma que as dificuldades que ela tem são naturais para qualquer grávida, mas o esforço acaba sendo um pouco mais intenso no seu caso. “O obstetra avisou que minha deficiência não influenciaria o desenvolvimento do bebê. Estou com 29 semanas e o desconforto começou a surgir mesmo por volta da vigésima semana, em função do peso e do tamanho da barriga”, afirma.
Um dos desafios é se locomover no banheiro, já que o cômodo não é totalmente adaptado. Antes, ela passava da cadeira de rodas para o vaso sanitário, e dele para a cadeira de banho, por exemplo. Com o peso, ela precisou usar uma tampa mais alta no vaso, mas isso aumentou a dificuldade de passar sozinha para a cadeira de banho. Então, espera o marido chegar do trabalho para ajudá-la.
Ela também está com dificuldades para se vestir, e, por ficar muito tempo sentada na cadeira, tem sentido algumas dores diferentes e já ganhou 10 kg – mas, para ela não é problema. “Minha mãe me ajuda muito, mas consegui me organizar de um jeito mais prático para não precisar de alguém o tempo todo. Não tem sido muito fácil, mas tem valido a pena cada dificuldade”, orgulha-se Suellen.
A ideia do canal no Youtube
Suellen conta que as pessoas perguntavam muito sobre a vida do casal, com olhares curiosos e interpretações muito equivocadas sobre como viviam. “Eu sempre quis passar um pouco do meu dia a dia porque muita gente acredita que cadeirantes não vivem e dependem dos outros para tudo. Então decidimos criar o canal para mostrar que nem tudo é complicado e deprimente: independentemente das nossas dificuldades e limitações, sempre precisa haver esperança”, aconselha a jovem.
Em um dos vídeos, inclusive, eles divulgaram o Théo “fazendo bagunça” durante o ultrassom. “Os exames estão todos ok, mas o Théo é muito sapeca, sempre aparece se mexendo muito e aprontando”, brinca a mamãe coruja.
Com tantas boas notícias, o medo deu lugar à confiança na providência divina e em uma postura pra lá de positiva diante da vida. “Não há nada que eu não possa ir tentando, até acertar e me adaptar. Quero cuidar dele, trocá-lo nem que seja para sujar as mãos todas as vezes”, afirma. William finaliza: “Problemas todos nós teremos, com diferentes graus de dificuldade. O que muda é como decidimos passar por isso, com fé em Deus para viver tudo com mais paz e leveza”.
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