Início da gravidez: 3 aspectos psicológicos dos três primeiros meses

A percepção do início da gravidez pode ocorrer bem antes da confirmação pelo exame Beta HCG ou da data em que deveria ocorrer a menstruação. Não é raro a mulher captar de modo inconsciente as transformações bioquímicas e corporais que assinalam a fecundação e expressar essa percepção através de sonhos ou “intuições”.

Em contraposição, há mulheres que só “descobrem” a gravidez no quarto ou quinto mês. Em qualquer caso, é a partir do momento dessa percepção — consciente ou inconsciente — que começa a relação entre mãe e filho e os desdobramentos psicológicos da nova interação.

Nessa fase, o afloramento de alguns sentimentos pode soar estranho, mas não se desespere: eles são absolutamente normais. No livro “Psicologia da gravidez”, a psicóloga Maria Tereza Maldonado apresenta as ocorrências mais comuns — e nós compartilhamos com você!

1. Ambivalência afetiva no início da gravidez

A ambivalência afetiva se refere à “balança do querer e do não-querer”. Por mais que tenha sido planejada, quando a notícia da gravidez se confirma surge também uma sensação de medo e insegurança que pode provocar sentimentos contraditórios. Há sempre uma oscilação entre desejar e não desejar aquele filho.

Calma, nós explicamos: pela lógica racional, sentimentos contraditórios não podem coexistir: a pessoa quer ou não quer, gosta ou não gosta; no entanto, no plano da lógica emocional, sentimentos contraditórios coexistem — a pessoa quer e não quer, gosta e não gosta, em intensidades variadas e mutáveis, tudo junto e ao mesmo tempo.

Assim, segundo Maria Tereza, não existe uma gravidez totalmente aceita ou totalmente rejeitada; mesmo quando há clara predominância de aceitação ou rejeição, o sentimento oposto jamais está inteiramente ausente. Esse fenômeno é absolutamente natural e caracteriza todos os relacionamentos interpessoais significativos.

“A complexidade de um relacionamento humano permite diversas emoções. Além do mais, a gravidez implica a perspectiva de grandes mudanças interpessoais e intrapsíquicas, o que envolve perdas e ganhos. Isso, por si só, já justifica a coexistência de sentimentos opostos” — explica a psicóloga.

Ainda, Maria Tereza revela que a atitude ambivalente também pode influenciar a frequência, persistência e severidade de desconfortos como enjoos e vômitos.

 

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2. Desejos e aversões

Outras manifestações peculiares da gravidez são os desejos (vontade compulsiva intensa por determinado alimento não especialmente desejado fora da gravidez) e as aversões (repulsa intensa por certos tipos de comida ou bebida, nunca sentida antes).

Os desejos parecem chamar mais atenção do que as aversões, embora estas sejam igualmente comuns e é provável que esses dois fenômenos estejam intimamente relacionados. Existem várias teorias sobre o assunto:

  • teorias baseadas em superstições e folclore, segundo as quais quando um alimento desejado não é comido, a criança fica prejudicada, desfigurada ou com alguma marca;
  • teorias “físicas”, que tendem a atribuir a pica (desejo compulsivo de comer substâncias estranhas, tais como barro, cimento, talco etc.), em particular, a uma necessidade de compensar deficiências nutritivas não observadas na dieta.
  • teorias psicológicas ou psicodinâmicas, que tendem a explicar esses fenômenos em termos de insegurança, ambivalência, necessidade de atenção e regressão;
  • teorias que sugerem que a maioria das perversões de apetite na gravidez deve-se em parte às alterações do paladar e do olfato, que ficam mais embotados, e daí a preferência por substâncias de sabor e cheiro mais ativos e picantes.

3. Oscilações de humor

As oscilações de humor, tão comuns desde o início da gravidez, estão intimamente relacionadas às alterações do metabolismo. É comum a mulher passar por períodos depressivos e crises de choro a picos de grande euforia e bem-estar, sem motivo aparente.

A passagem por outras situações estressantes, como término de casamento e morte de um parente, por exemplo. também costuma provocar oscilações emocionais marcantes nas primeiras etapas de adaptação à nova situação: a pessoa passa por altos e baixos, da euforia à depressão e sente-se mais vulnerável.

No início da gravidez, além de haver, em geral, maior sensibilidade nas áreas de olfato, paladar e audição, isso se expressa também na área emocional através do aumento da irritabilidade: a mulher fica mais nervosa e vulnerável a certos estímulos externos que antes não a afetavam tanto, chora e ri com mais facilidade.

E você, tem passado por alguma dessas situações? Deixe um comentário e conte pra gente como está lidando com o início da gravidez para ajudar outras leitoras!