Atualmente, mais do que um procedimento corriqueiro, o congelamento de óvulos virou tendência entre as mulheres solteiras sem relacionamento estável. Na última década, a falta de um pai ideal associado a idade superou as razões de infertilidade ou carreira profissional das solteiras buscarem clínicas de reprodução humana. É o que aponta estudo da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) apresentado no primeiro semestre de 2018.
Somente no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, houve um aumento de 50% no número de mulheres que engravidam após os 40 anos. Muitas delas sem um parceiro, como é o caso da atriz Karina Bacchi (42), que fez inseminação artificial nessa idade com os óvulos que congelou aos cerca de 35 anos. A cantora Ana Carolina (44) e a atriz Paula Burlamaqui (50), mesmo ainda não tendo filhos, guardam seus óvulos há anos. A justificativa social já corresponde a 90% dos casos nas clínicas da região Sudeste.
Preservar os óvulos é cada vez mais comum, já que a capacidade reprodutiva feminina diminui drasticamente ao longo dos anos. A partir dos 35 anos, o número de óvulos diminui e eles envelhecem. Entretanto, uma vez congelados, manterão a idade e a qualidade genética de quando foi realizado o procedimento.
A engenheira Flávia Souza (37), solteira e com uma carreira consolidada em multinacionais, buscou uma clínica de reprodução humana antes dos 35 anos. “Não tenho um relacionamento estável há muito tempo, mas meu sonho é ser mãe. Esse foi o principal motivo que me levou a congelar óvulos. Como tenho estabilidade financeira, caso eu não encontre um pai ideal, não tenho dúvidas: farei uma produção independente”, conta Flávia.
Ana Dias (47), dentista, sonha em realizar um casamento tradicional antes de engravidar, “mas sou realista, está cada vez mais difícil encontrar um parceiro; se até os 49 anos estiver sozinha, farei a fertilização in vitro: meu desejo de ser mãe é maior”.
Razões sociais – Congelamento de óvulos
Estudo do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mostra que são feitos em nosso país mais de 35 mil fertilizações in vitro (66% somente na região Sudeste) – destes, cerca de 10 mil bebês são gerados. O estudo ainda aponta que houve uma mudança no comportamento feminino nos últimos anos: a maioria das mulheres que buscam pelo congelamento de óvulos tem estabilidade financeira, uma carreira sólida e são solteiras.
As mudanças comportamentais em nossa sociedade estão cada vez mais rápidas. Se nos anos 60 a pílula anticoncepcional revolucionou uma geração, nos dias de hoje as mulheres têm maior poder de decisão de quando engravidar e a liberdade para decidir se será através de produção independente ou não.
Lá vem dicas!
- 35 anos é a idade ideal para congelar óvulos;
- A fertilização in vitro é permitida pelo Conselho Federal de Medicina até os 50 anos;
- A lei brasileira permite o congelamento de óvulos e a inseminação artificial às solteiras;
- Mesmo não tendo prazo de validade, no Brasil, a média de tempo de congelamento dos óvulos é de 10 anos;
- O custo médio do procedimento para congelamento de óvulos praticado no mercado brasileiro fica entre R$ 10 a R$ 18 mil (a manutenção anual dos óvulos nos laboratórios gira em torno de R$ 1,5 mil por mês);
- 10 a 20 óvulos é o número ideal de reserva às mulheres que aguardam pelo momento ou parceiro ideais;
- Não confunda: congelamento de óvulos é diferente ao congelamento de embriões. No primeiro, o processo é realizado apenas com o gameta feminino. No de embriões, é produto da fecundação entre o gameta feminino e masculino;
- Especialistas aconselham que antes de qualquer tomada de decisão, não basta apenas ter estabilidade financeira e maturidade emocional. O apoio de familiares e amigos é fundamental durante e após o processo;
- Faça uma avaliação com um ou mais ginecologista especializado em reprodução humana. E pesquise muito bem as clínicas, analise a credibilidade no mercado e as taxas de sucesso.
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