Essas mães estudaram em excelentes universidades, muitas cursaram MBA fora do país, construíram uma carreira sólida e bem-sucedida que permitiram independência financeira e autonomia para viajarem para onde quisessem ou comprarem tudo o que desejassem. Entretanto, por escolha pessoal e única, abdicaram do seu lado profissional para cuidar exclusivamente dos filhos (geralmente a chegada do primeiro bebê é a razão principal dessa decisão).
Nesse artigo do Lá Vem Bebê, estamos abordando as mulheres super qualificadas e estáveis profissionalmente – as motivações dessas mães não são por questões financeiras, por dificuldade em encontrar uma pessoa de confiança para cuidar do bebê, por doenças na família, transferência do marido ou estudos. As mães no qual estamos falando são aquelas que tomaram a decisão de deixar o emprego, arcando com os custos sociais e profissionais (pois acabam perdendo as relações de trabalho que construíram ao longo da carreira) e o julgamento da sociedade para ter uma experiência única e total da maternidade.
A gente conta um pouquinho da rotina dos primeiros meses de vida do bebê: https://lavembebe.com.br/blog/rotina-do-bebe-duvidas/
É o caso da fisioterapeuta Daniela, de 40 anos, mãe de dois filhos: um de 8 e outro de 12 anos. “Desde o início do meu casamento meu desejo era cuidar integralmente dos meus pequenos. Queria muito ter essa experiência de ser mãe em tempo integral, estar presente em todos os momentos e fases de crescimento dos meus filhos, principalmente porque tive uma mãe muito ausente devido ao trabalho – sua presença fez muita falta em minha vida, não queria o mesmo aos meus filhos. Naturalmente tive total apoio e suporte do meu marido”.
Daniela ainda conta que ao engravidar do primeiro filho estava num momento da carreira em ascensão, com plena independência financeira e com um círculo construído de amigos da mesma área. “Precisei me adaptar a nova realidade que escolhi, buscar novas amizades e me acostumar a nova rotina – muito mais puxada a da mulher que trabalha fora: é uma outra vida. Mas não me arrependo”.
A fisioterapeuta não é a única. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria(CNI) junto ao Ibope Inteligência, cerca de 23% das mulheres brasileiras deixaram seus empregos para cuidarem dos filhos. “A nossa geração tem muito preconceito com as mães que abrem mão da carreira para se dedicar à família”, relata Débora, de 45 anos, mãe de um menino de 7 anos. “Me tornei uma executiva do lar: administro toda a rotina, mesmo contanto com a ajuda de uma babá e de uma secretária. Participo de tudo, vou a todas as reuniões na escola, ajudo nos deveres, levo ao futebol, ao inglês”. Débora ainda acrescenta que agora que seu pequeno está crescendo, começou a se envolver em causas sociais e apoiar ONG’s locais. “Foi uma forma que encontrei de colocar meu lado profissional em prática”.
A escritora e psicóloga Cecília Russo Troiano em seu livro “Vida de Equilibrista – Dores e Delícias da Mãe que Trabalha”, escreve que há um grande preconceito e uma patrulha social em relação às novas donas de casa do século XXI, pois a sociedade brasileira ainda enxerga a atual dona de casa como aquela rainha do lar dos anos 60. A autora do livro afirma que atualmente a mulher pode escolher o caminho que deseja trilhar em sua vida – o que não acontecia há algumas décadas. A vida doméstica não desqualifica uma mãe, mas faz parte do rol dos direitos feministas conquistados nos últimos anos, o direito de escolha. Por isso é de extrema importância que a mãe esteja segura em sua decisão. Mesmo que ela tenha uma reserva econômica para ficar fora do mercado de trabalho por algum tempo, é primordial contar com o apoio do parceiro ou da família.
Já sabe o que fazer após a licença-maternidade? Leia mais no https://lavembebe.com.br/blog/licenca-maternidade-bercario-baba/
A secretária executiva Fernanda, de 43 anos, depois de ter ficado longe da criação do primeiro filho devido às demandas e constantes viagens da multinacional em que trabalhava, não titubeou quando engravidou do segundo filho. “Assim que terminou a licença-maternidade pedi demissão. Meu primogênito sofreu muito com a minha ausência e não curti sua infância. Não queria que isso acontecesse com o segundo filho. Meu desejo era ser mãe em tempo integral e aprender com essa nova experiência”. A secretária reinventou sua carreira logo após o nascimento do segundo filho e começou a fazer traduções home office como prestadora de serviços. “Posso não ter o status profissional de antes, mas ganhei em qualidade de vida, qualidade de tempo com meu pequeno e tem meses que chego a ganhar mais do que quando estava em uma empresa”.