O que aprendi com a minha mãe sobre ser mãe

Hoje a história é diferente da que vivo, vou falar sobre os desafios da maternidade e principalmente da maternidade solo, aquela que o bebê só tem a mãe.

Papel da minha mãe na gravidez

Quando a gente se depara com a maternidade, logo na gravidez, a gente começa a entender os desafios vividos pela nossa mãe. Ali no primeiro trimestre, na fase dos enjoos, eu lembro que eu já pensava nossa, o que minha mãe passou por mim!

A gravidez foi desenvolvendo e a cada passo que eu entendia mais sobre a maternidade mais eu pensava na minha mãe. O pensamento era sempre em forma de reflexão. Quando defini sobre qual seria o título do post de hoje me passou uma reflexão na cabeça do quanto a minha mãe foi especial, do quanto ela deu conta, mesmo com tantas dificuldades.

Participação no meu parto

Na minha gravidez, no terceiro trimestre, fui visitar a maternidade em que teria a Joana e lá conversando com a pessoa que apresentava, descobri que na sala de parto poderia entrar mais uma pessoa além do pai, naquele instante eu pensei, minha mãe, ela que vai entrar comigo.

Mãe é sempre mãe e paro para pensar no quanto isso seria importante para ela, para mim e para a minha filha, que hoje é apaixonada pela vovó! Nossa história seria escrita juntas assim como há quase 32 anos quando minha mãe me viu pela primeira vez.

Ela aceitou a proposta de me acompanhar e na sala de parto eu cheguei a pensar, coitada da minha mãe, eu não devia ter feito isso com ela. Mãe é aquela que faz tudo pelo filho, que tira ele dos sofrimentos e angústias, é aquela que acalma.

Naquele momento do parto ela perdeu todos os superpoderes de mãe e precisou aceitar a ciência e a medicina! Aceitou manter a calma e assim ela seguiu, quietinha no cantinho da sala de frente para mim. Assistiria de camarote o nascimento da sua terceira neta e a primeira menina.

Nas contrações por duas vezes chamei minha mãe e aquela voz embargada de fundo só falava: “estou aqui filha, vai dar tudo certo” essa fala é sempre acolhedora. Pode o mundo desabar, mas quando a mãe fala, parece que tudo se estabiliza.

“Mãe sempre sabe das coisas” você deve ter ouvido muito essa frase, nem sempre levamos tão a sério com nossa mania de acharmos que somos também os donos do mundo. Mas é real, ela sempre sabe das coisas e sim, na maioria das vezes, elas têm sempre razão.

Os primeiros pensamentos e reflexões na vida de uma mãe de primeira viagem

Uma semana antes do nascimento da Joana, minha mãe, que mora longe de mim, foi para a minha casa esperar comigo. Ela ficou mais ansiosa do que eu, tinha medo de não conseguir chegar a tempo, mas deu tudo certo. Ficou uma semana antes e uma depois que a Joana nasceu.

Após o meu parto, ainda na maternidade, depois de ter vivido o momento mais intenso da minha vida, aquele momento de entrega, esforço e praticamente a exaustão eu comecei a refletir sobre o que é ser mãe e sobre a maternidade que de fato, se iniciava ali.

Nossa mãe faz a diferença

E quando esses pensamentos chegam não existe a possibilidade de não lembrar da nossa mãe, acredito que mesmo as pessoas que tenham crescido sem elas, conseguem pensar em alguma referência, talvez uma avó, tia ou qualquer outra pessoa que tenha desempenhado esse papel de cuidar, de educar e acompanhar. Essa pessoa pode ter sido até o pai, como muitos que também desempenham essa função solo. Uma pessoa de referência na sua vida é o pensamento que vem.

Na minha cabeça eu só pensava no quanto de amor que cabia no peito, aquele serzinho tão dependente de mim. E na cabeça da minha mãe? O que será que estava passando? Eu pensei muito nisso. E ela estava ali com os olhos brilhando de amor pela neta e com o coração cheio de orgulho da filha dela. Ela sempre fala isso quando lembra do meu parto. O quanto ela me achou forte. É sempre bom ouvir isso da nossa mãe, não é mesmo? O que ela não imagina é que ela me fez ser assim.

Maternidade solo da minha mãe

A maternidade solo não é nada fácil, não vivi a experiência e nem quero viver, mas lembro dos passos e conquistas da minha mãe, a Leila!

Meus pais se separaram eu tinha 6 anos, minhas irmãs 4 e 12 anos, e a partir desse momento minha mãe seguiu a vida sozinha. A pensão alimentícia meu pai deu uma ou duas vezes. Minha mãe entrou na justiça, mas desistiu de tentar quando percebeu que tanto esforço não adiantaria, seguir firme era o que restava, pois com ela haviam 3 menininhas com um futuro enorme pela frente.

Após a separação dos meus pais, minha mãe precisou trabalhar e trabalhar muito! Minha irmã mais velha, a Manoela e carinhosamente chamada de Manu, assumiu o restante, fazia comida, levava a gente para a escola, arrumava a casa e tentava ser uma adolescente comum, o que as vezes as responsabilidades prematuras não deixavam.

Os pensamentos de mãe

Eu fico pensando como a cabeça da minha mãe funcionava, hoje que sou mãe, eu realmente não sei, não chego a nenhuma conclusão. Tenho minha casa, meu marido, minha filha e meu cachorro. Somos uma família com contas para pagar apertadas, muita correria e ainda assim nem sempre damos conta. E sempre me questiono e me cobro de ser a mãe que a minha mãe foi, como ela conseguiu? É sempre essa pergunta que me confronta.

Joana só essa semana revirou o olho e me deu respostas atravessadas por duas vezes. Ela só tem 2 anos, está na terrível fase da adolescência do bebê e ainda tem as birras e pirraças, não é fácil. Depois disso, eu sempre fico refletindo sobre a mãe que sou ou a educação que estou dando, penso o quanto é complicado educar um ser humano.

Paro e penso que para a minha mãe, sozinha educar e cuidar de 3 ao mesmo tempo em fases diferentes, só arregalo os olhos e me encorajo a prosseguir. Peço muitos conselhos para a minha mãe, as vezes me pego brigando com ela quando ela dá os seus palpites. Claro que os tempos são outros e a forma de educar de hoje é diferente de quando eu era criança. A informação com a internet e redes sociais chega de forma mais esclarecedora.

Lembranças da infância que marcaram  

Lembro da minha mãe sentada com as contas da casa em cima da mesa e as lágrimas caindo porque ela não sabia como seria o mês e confronto com a minha vida boa. Hoje tudo que a minha filha quer eu consigo dar e quando não consigo, meu coração aperta tanto e a tristeza bate. Ao mesmo tempo, a vontade de trabalhar ainda mais para conseguir. Minha mãe já se esforçava muito e não conseguia dar além do que já dava para a gente. Ela não podia comprar o sapato mais badalado da época e além disso, éramos 3 querendo o sapato da moda.

Um caso que sempre lembro e que não sei como enfrentaria se fosse comigo foi o famoso tênis da Sandy, o mais querido do final dos anos 90. Minha mãe disse que não poderia comprar e me levou em uma outra loja de sapatos para escolher outro modelo.  Ao mesmo tempo que eu compreendia que ela não podia, porque ela sempre foi clara quanto a situação que estávamos vivendo, eu era criança e queria também aquele sapato.

Crianças fazendo suas queixas

Fiz pirraça, birra e falei que ok levar aquele outro sapato, mas o que eu queria mesmo era o da Sandy. Hoje, mãe, eu fico pensado o quanto isso deve ter sido difícil para a minha mãe dizer aquele não e era um “não” de não poder. Não ter condições para oferecer o que a sua filha pedia não deve ter sido fácil.

É claro que na conversa tudo sempre se resolve, logo depois aquela febre do tênis passou e a sandália que eu comprei na outra loja eu ainda estava usando e o mais engraçado disso é que eu comecei a desgostar daquele tênis. A moda passou e ninguém mais usava ele e a minha sandália no formato boneca ainda combinava com todos os meus looks (rsrs).

Aprendi a ser quem sou com ela

Com a minha mãe eu aprendi a ser forte, a correr atrás, aprendi que temos que trabalhar para oferecer uma boa educação. Minha mãe correu atrás das melhores escolas públicas do Rio de Janeiro para a gente e conseguiu, fizemos o mais querido ensino médio técnico, que muitos desejavam na época.

Do jeito dela, as vezes estressada e nervosa por conta da sobrecarga física e psicológica, ela nos ensinou muita coisa. Sabe aquela mãe sozinha que batalha pelos seus filhos diariamente? Essa foi a minha mãe, muitas das vezes se anulando por nós.

Não podemos deixar a nossa vida parar, mas quando as circunstâncias da vida te obrigam, não é fácil tomar essa decisão.

 

Minha mãe, meu exemplo!

Eu tenho na minha mãe Leila, um exemplo de garra e coragem! Crescemos, estudamos, formamos, casamos, eu e Manu tivemos filhos e agora a nossa mãe brinca com nossos filhos da forma que ela não conseguiu brincar com a gente.

Hoje ela senta no chão da sala e deixa a casa toda bagunçada porque o importante é estar fazendo bagunça com os netos ou talvez pegando frutas nas árvores da pracinha!

Agora que cresci tenho a dimensão de que ser mãe é uma tarefa muito árdua. Ser mãe solo é ainda mais. Fiz esse post como forma de reconhecimento por todo esforço que a minha mãe fez por mim. Também para agradecer por nunca ter nos deixado de lado. Hoje somos o que somos porque ela lutou por nós!

E você, tem uma inspiração em sua mãe? Se você for uma mãe solo, se esforce pelo seu filho, a recompensa sempre chega!