Eu e meu marido planejávamos ter nosso primeiro filho para nascer em meados de outubro. Em razão disso, tentamos em janeiro de 2018; infelizmente ou felizmente, não fiquei grávida tão fácil. Achávamos que era só escolher o mês provável para o nascimento e pronto! Descobrimos que não era bem assim para quem já tinha 29 anos e 33 anos.
Depois de algumas tentativas e frustrações, eis que descubro a gravidez no dia 5 de junho, com o teste de farmácia. Os sintomas que me fizeram duvidar uma possível gravidez foram muito sono e fome. Não era qualquer sono, era “o sono” – aquele que você mal consegue abrir os olhos; cheguei a dormir em frente ao computador no trabalho.
Em janeiro de 2019, na semana em que a Alice iria nascer, fiz caminhada todos os dias e meu tampão mucoso começou a sair em uma segunda feira. Fiquei animada porque sabia que estava próximo o dia do nascimento. Fui avisar minhas amigas, que já são mães e cada uma delas falaram uma data provável. Uma delas disse que seria no mesmo dia o nascimento, outra disse que dois dias depois, outra, que só depois de uma semana; precisei ir em fórum de mães (como sempre) e realmente, o tampão mucoso não nos diz muita coisa, só que estava próximo o grande dia – que ansiedade!
Na quarta-feira decidi ir cedo passar em algum médico, no hospital em que iria realizar meu parto; já havia decidido ter o parto com plantonista (uma ótima escolha). Lá fiz exames como: ultrassom, exame de cardiotocografia (CTG), de urina e de toque – pela primeira vez; você que vai passar por isso, não tenha medo, é tranquilo e indolor.
Eu estava com 2 centímetros de dilatação e sem dor. Os resultados dos exames estavam todos bem e a médica perguntou-me se gostaria que marcasse a cesariana ou esperaria o parto normal; ela tinha me dado o prazo de mais uma semana para Alice nascer, se não, eu entraria na “faca”. Até então, estava com medo de ser parto normal, mas no mesmo tempo eu queria que fosse normal – fiquei bem apreensiva.
Quinta-feira meus pais vieram de Suzano (eu moro em São José dos Campos) para me ver. Minha mãe, por saber que meu tampão mucoso já estava saindo, ela por extinto, veio ficar comigo. Na noite desse dia, fui caminhar de noite com ela pelo condomínio, voltamos para o apartamento, e fomos dormir. Durante a madrugada comecei a sentir um incomodo, que me fez acordar. Em quanto todos estavam dormindo, fiquei das duas até as cinco horas da manhã de sexta- feira sentindo contrações; elas começaram a serem menos espaçadas e mais doloridas – igual a uma cólica muito forte. Então fui ao banheiro e minha mãe perguntara se estava tudo bem, e eu disse que achava melhor ir ao hospital e que já estava começando a achar que as dores iriam piorar.
Todos se arrumaram, meus pais, e meu esposo (muito confuso com o que estava acontecendo). Pegamos as malas e fomos para o hospital. No hospital, tudo que eu não queria era ter que passar com médico homem, mas eis que o homem estava lá para me atender. O doutor me examinou e eu estava com 5 centímetros de dilatação; ele disse que asiáticos são muito resistentes a dor. Realmente, eu estava muito bem (como se fosse uma cólica forte, daquelas que você já prefere tomar remédio). A sorte é que pelo horário, perto das sete horas da manhã, trocava o plantão dos médicos, então, uma médica ficaria responsável por mim.
Fui para a sala de parto humanizado que o hospital possuía e lá, a enfermeira disse que poderia usar qualquer um dos itens da sala: bola de pilates, chuveiro, banquinho… O bom foi que não precisei de nenhum tipo de estímulo para que as contrações começassem a ficar mais intensas e menos espaçadas. Lembro-me de segurar muito forte a mão do meu marido, e as vezes, escutar o barulho dos seus ossos.
Aguentei até a dilatação ser por volta de 8 ou 9 centímetros. Entrou a enfermeira perguntando se eu queria analgesia e eu disse que não sabia, que era melhor não. Meu marido, com as mãos doloridas disse: “ela quer sim!”. Então, obedeci – foi a melhor escolha.
Fui levada para a sala do parto e meu esposo foi se aprontar para entrar na sala posteriormente. Lá, eu lembro de ir para a maca e esperar o anestesista. Quando o Anestesista chegou e estava pronto para dar a agulhada, estava vindo uma contração – pedi um segundo, respirei fundo e disse “pode ir”. Não senti absolutamente nada!
Consegui chegar até ali sem precisar urrar de dor; logo já senti estar cem porcento bem com a analgesia. A médica estourou a bolsa e o Daniel entrou para ficar a minha direita e a enfermeira do meu lado esquerdo. Ela iria sentir as contrações vindo, apalpando minha barriga. Quando a barriga começava e endurecer, ela avisava a dra. e pedia para eu fazer muita força. Foi uma experiência muito estranha, pois, não dava para sentir nem a força que eu fazia e nem o que estava acontecendo lá “embaixo”.
Eis que meu esposo decide sair do meu lado e ir para o lado da doutora ver literalmente, o parto de camarote. A dra. dizia – “olha o cabelinho!”, ele dizia – “faz força amor!”. Enquanto isso, todos lá fora pensando que o Daniel iria desmaiar.
Fiz várias vezes força até que veio uma enfermeira empurrar minha barriga; fiquei preocupada porque achava que seria mais rápido. As amigas que tiveram parto normal, falaram que fizeram cerca de três ou 4 empurrões para nascer os filhos delas. Depois de mais ou menos 10 contrações e empurrões, a Alice nasceu.
Minha filha foi levada para longe de mim, e eu não entendia o que estava acontecendo. A médica começou a me costurar pois tive laceração. Eu pensei que seria pouco, mas pela demora, fez um estrago legal; a dra. chegou a chamar outra médica, e as duas ficaram ali, cerca de 40 minutos. Pois é, pedi para não fazer episiotomia. Hoje penso que deveria ter feito!
No meio da costura comecei a me sentir meio zonza e avisei a médica. O anestesista veio, mexeu em algo atrás de mim e logo melhorei. A médica ao terminar, perguntou se preferiria colocar sonda urinária; logo pensei que eu não estaria nem um pouco a fim de ter que levanta para ir ao banheiro, logo depois do “estrago”; pedi a sonda e me ajudou muito a passar o dia – é totalmente indolor.
Tive a oportunidade de pegar um pouco minha filha no colo antes de deixar a sala de parto. Ela estava embrulhada e gemendo ao respirar. Não consegui nem ficar feliz do jeito que ficaria quando visse ela. Logo pedi para levarem para os cuidados necessários. Ela havia aspirado mecônio durante o parto.
Depois disso, passei para a maca que me levaria direto para o quarto. Chegando lá, meus pais vieram e contei o ocorrido – minha mãe começou a passar mal, coitada. Hoje penso que deveria ter falado com mais jeitinho, sem assustá-la.