Como foi o pós-parto da Alice na UTI e meu puerpério.

A Alice nasceu de parto normal e empurrada da barriga para nascer. Dizem que o bebê sofre um estresse e pode acabar defecando na hora do parto. Foi o que aconteceu!  Sei que não tinha como ela ter feito o mecônio antes, pois estouraram minha bolsa e o líquido estava normal.

O parto dos sonhos foi por água abaixo, afinal, eu quis parto normal para poder ir logo para casa e depender menos o possível da minha mãe. Mostrar para ela que eu conseguia dar conta, que havia me preparado para aquele momento!

Infelizmente, meu sonho de pegar minha filha nos meus braços logo que ela nascesse foi roubado de mim. Ela simplesmente nasceu e foi levada … Estava tão confusa na hora que fiquei calada na sala do parto, nem perguntei o que poderia ter acontecido, nem desesperada eu fiquei, foi bem estranho!

Hoje penso que devia de ser a paz que Deus colocou em mim. Ele tinha cuidado de tudo durante toda a gestação, não seria naquele momento que Ele me abandonaria.

Engraçado é que desde a escolha da maternidade eu dizia “escolhi essa maternidade porque me falaram que a UTI é das melhores, caso a Alice precise”. E eu já havia ido lá conhecer e achado bem “xexelenta”, tipo, bem caidinha e feia; mas sempre falava o motivo pela qual o havia escolhido, e mal sabia que no final, a Alice iria precisar da tal UTI.

Então, fui levada para o quarto e até tiraram outra mãe que ficaria no mesmo quarto que eu (o meu plano de saúde não cobria apartamento). Acho que os médicos sabem que uma mãe sem o filho no quarto, junto com outra com o filho poderia deixar a paciente bem triste. Realmente, a gente não entende o porquê de acontecer com a gente. E fiquei pensando o quanto as mães que ficam com seus bebês nas primeiras horas é importante, e ainda poder receber visitas calorosas dos amigos e familiares.

Contei para minha mãe, que estava toda feliz, o ocorrido. Ela começou a passar mal. Na hora fui falando naturalmente, mas ela ficou meio impressionada. Coitada! Pensando hoje, devia ter falado com mais jeitinho, sem assustá-la. Quando eu digo naturalmente é porque eu mesmo não fiquei mal na hora. Demorou um pouco para cair a ficha.

Antes de ir para o quarto perguntaram se eu queria sonda urinária, e com medo de sentir dor ao urinar, devido ao “estrago”, optei pelo uso dela. Antes tinha medo desse procedimento e rezava para nunca precisar, no final, foi ótimo não ter que levantar-me da cama – é indolor. Quer dizer, indolor porque todo o resto estava doendo, e muito!

Quando fui para o quarto 202, fui suja de sangue mesmo. Eles colocaram uma fralda meio aberta no meio das pernas e só. De noite, decidi me arriscar a tomar banho, morrendo de medo de sentir dor. De fato, doeu, mas não tanto quanto imaginava. Eu não imaginava, mas “lá” ficou parecendo um hamburguer inchado. No máximo que deu foi jogar uma ducha e lavar o corpo rapidamente e colocar finalmente um pijama. Usei também, a fralda geriátrica que havia comprado. Muito bom, por sinal!

Lá pelas 20hs, meu esposo trocou de turno com meus pais. No meu quarto, só podia entrar no máximo duas pessoas por vez. Só que devido a situação, o hospital parece que abre algumas exceções para quem está precisando de um consolo, no final, entrava quantas pessoas quisesse. Então, meu esposo chegou e fomos visitar a Alice na UTI. Fui de cadeira de rodas e passei por dois corredores e tomei um elevador. Mesmo usando cadeira de rodas, a dor era horrível, talvez fosse melhor ficar de pé. Sentar-se sobre a ferida é como jogar álcool no machucado.

Finalmente pude ver com mais calma o rostinho da minha pequena Alice. Ela estava sedada para não sentir- se estressada ou com dor por causa do tubo. Quando a vi, nem acreditei que ela era tão lindinha! Na verdade, eu nem a reconheci! Que mãe desnaturada… parecia outra bebê da que haviam me mostrado rapidamente na sala do parto.

Vi outros bebês em situações piores e mães tão fortes naquele lugar! Fiquei pouco tempo, não conseguia me sentar, então logo me cansei. Foi eu e minha amiga, a sonda.

Foto da Alice na UTI

Dia, 26 de Janeiro de 2019 – Sábado

Acordei cansada como se estivesse sido atropelada por um caminhão; com dor até na mandíbula! Neste dia bateu a “bad”. Fiquei bem depressiva, chorosa. A médica que fez o parto da Alice foi um amor, queria me consolar, conversava comigo e sempre me deixava confortável com relação ao estado da Alice.

Minha frustação era porque, assim como toda mãe, esperava ter o parto perfeito e voltar para casa logo em seguida com minha filhinha, tão esperada, nos braços. Chorei muito! Por que aconteceu isso? Pensei mil coisas durante a madrugada e só orava pedindo a Deus que ficasse tudo bem.

Neste dia tirei a sonda. E a recomendação era de que toda vez que fosse urinar, deveria fazer lavagem com ducha. No final, era mais fácil fazer xixi na hora da ducha mesmo e não antes.

Sempre que podia, ia visitar a Alice na UTI com o Daniel. Graças a Deus, a Alice era a bebezinha com o quadro melhor da UTI. Ela se mexia muito, assim como na minha barriga. As enfermeiras disseram que ela já estava dando um baile!

Toda criança naquele lugar estava lutando para viver! Todas as mães naquele lugar já tinham meu respeito, eram as mais fortes que conheci!

Dia, 27 de Janeiro de 2019  (Segunda-feira)

Eu quase tive alta, afinal, consegui evacuar as 08:00am; mas minha médica achou melhor eu ficar mais um dia no hospital para ordenhar com mais calma e estar um pouco melhor mentalmente. Então, ela deu um “jeitinho” pra que isso fosse possível.

Nos horários da ordenha, caminhava até a UTI quase morrendo de dor; até me segurava nas paredes. Fui tirar leite, exprimi meus peitos para sair algumas gotinhas e enchi quase o fundinho da chuquinha. A dor de sentar e fazer todo esse procedimento era de ver estrelas.

Durante o dia, tiraram o tubo e parte da sedação da Alice. Tiraram raio X que mostrava grande avanço. Ela ficou com o respirador nasal até de noite e já trocaram para um tipo de capacete de acrílico que jogava ar. Estava finalmente respirando sozinha e sem sedação.

Nas visitas, via como ela estava ficando serelepe sem a sedação. Se desfazia do embrulho, ia empurrando com o pé e subindo na incubadora. As enfermeiras diziam “já, já, a gente vai ter que buscar ela lá na rua Santa Clara de tanto que se mexe”. Ela ficou apenas com a sondinha de leite.

Foto da Alice com o capacete de acrílico

Dia, 28 de Janeiro de 2019  (Terça-feira)

Dia da minha alta (13:00pm)! Meu esposo foi trabalhar! Sim, ele foi. Ele é PJ e não tinha como tirar licença, mas ele foi me buscar. Estava todo feliz, cantarolando… Fiquei brava com ele “como você pode ficar feliz? Estamos voltando para casa sem nossa filha”. Ele estava bem mais otimista que eu e feliz pela minha volta para casa- tadinho.

Senti que os peitos haviam aumentados e consegui tirar 40ml de leite e não mais 3ml. O remédio que usei para espirrar no nariz funcionou! O spray serve para promover a secreção do leite e ajuda na contração rítmica do útero. Ele é idêntico à oxitocina, um hormônio natural liberado pela glândula pituitária.

Dia, 29 de Janeiro de 2019  (Quarta-feira)

Indo todos os horários fazer ordenha. Durante a manhã, tarde e noite. Com dor ou sem dor! Não tive tempo para descansar e foi o puerpério superdifícil. Isso nos mostra que pelos nossos filhos fazemos qualquer coisa. Outras mães que haviam acabado de fazer cesariana estavam lá também pelo seu bebê.

Dia, 30 de Janeiro de 2019 (Quinta-feira)

Este dia foi duplamente especial para mim! A Alice estava sem acesso nenhum e pude oferecer o peito pela primeira vez! Fiquei meio apreensiva, mas foi perfeito a pega. De tarde fui de novo no hospital para amamentá-la e haviam tirado ela da incubadora e deixaram ela apenas no berço.

As 22:00, quando o Daniel foi na última visita do dia, pegou a Alice pela primeira vez. Foi sem medo, sem perguntar como era, ele só quis pegar ela nos braços – leva jeito. Que alívio! Nós três juntos, finalmente.

Neste dia também senti uma melhora lá no “hamburguer” e está menos inchado. Mas as hemorróidas ainda estavam irreconhecíveis.

Outro motivo, foi que também fiz a certidão de nascimento da Alice lá no hospital.

Dia 31 de Janeiro de 2019  (Sexta feira)

Durante a tarde, pude dar o primeiro banho na filhota lá na UTI; a enfermeira ensinou como era, foi molezinha. Durante o final da tarde a Alice finalmente saiu da UTI, e eu e o Daniel dormimos no quarto do hospital com ela.

Durante a noite foi tranquilo, ela havia emendado o mama das 21:00pm com o da meia noite. De tanto tempo que ela ficou no meu peito. Nessa noite tiramos de letra!

Dia 01 de Fevereiro de 2019 (Sábado)

Cuidar da Alice? Shiiii…tiramos de letra, até as 03:15am, porque, depois a dona acordou e não dormiu mais. Dei o peito, dava carinho, cantava… nada funcionava! Estava indo tão bem, o que aconteceu? Ah, logo me veio a possibilidade de ser fome, sim! Mesmo a Alice ter ficado pendurada em mim a madrugada toda.

Meu esposo conseguiu colocar a pequena para dormir por volta das 07:00am. Mas toda hora vinha alguma enfermeira examiná-la. Coitada, nem eu e nem ninguém dormiu direito. Então, uma hora ela não parou de chorar mais. Chamei a enfermeira e pedi para ela oferecer mamadeira. Sim! Eu sou a favor da criança não passar fome. Foi o que resolveu e quando ela finalmente conseguiu dormir novamente. A médica veio tirar toda roupa dela e examiná-la, testar os reflexos dela… para enfim, dar a tão sonhada alta!

Fomos para a casa e minha mãe, super nos ajudou com a Alice. Finalmente pude parar e descansar – todos felizes.