A maternidade real sem romantismo

Como não romantizar a maternidade?

A maternidade ela é romântica desde sempre na teoria, porém na prática isso muda um pouco.

Hoje estou escrevendo sobre isso pois me vi sentada na cama às 7h da manhã sem forças para levantar. Tentei por 3 vezes levantar e simplesmente não conseguia.

E aí você me pergunta: a culpa é da maternidade? Não, a culpa não é da maternidade, mas sim de um conjunto de fatores, dentre elas a maternidade.

Esta noite eu acordei 3x.  Normalmente a Joana acorda mais do que isso, mas hoje ela demorou a voltar a dormir. Isso aconteceu por duas vezes essa semana.

Semana passada tivemos Covid, como contei para vocês aqui, e por conta disso passei praticamente a semana toda deitada. A volta ao trabalho e a rotina cansam ainda mais, agora você imagina com uma noite mal dormida!?

Me peguei deitada na cama às 3h da manhã pensando e refletindo sobre a maternidade e em todos esses contratempos. Pensei que ninguém vai entender o que de fato é a maternidade da madrugada, só mesmo quem passa. Refleti que minha filha tem 2 anos e 3 meses e desde que ela nasceu eu nunca mais dormi uma noite inteira. Posso contar nos dedos as noites em que eu acordei somente uma ou duas vezes, normalmente a média é acima de 3. É bem difícil, e você que é mãe e passa por isso vai me entender e se ver nesse texto de desabafo materno.

 

Não confunda mãe com perfeição

Antes de tudo mãe é um ser humano. Ela se cansa, corre atrás de sonhos e objetivos, se esforça para se arrumar, ela erra, tem sonhos profissionais, e é sempre julgada desde o primeiro instante da gravidez.

Essa semana uma amiga que também tem um bebê me contou que a filha está ficando com várias marquinhas porque começou a engatinhar e cai, se machuca e ela não sabe o que faz. Eu brinquei falando que hoje são dois roxos e amanhã são 3, mas as pessoas olham para esses pequenos acidentes do bebê pequeno começando a descobrir o mundo como se a culpada fosse a mãe. Estamos falando até das adoráveis avós, que também que fazem cobranças deste tipo.

As culpas da mãe

A gente se culpa pelo parto, pela amamentação, pelo choro, pelo desmame que estamos tentando, pelo “não” que falamos para o nosso filho fazendo ele chorar mesmo sabendo que é o melhor para ele.

É como se mãe fosse um ser sobrenatural que precisa sempre dar conta, que precisa sempre estar atenta.

Essa parte é muito difícil de entender muita das vezes. A supervalorização do pai quando ele é presente e a desvalorização da mãe quando ela não consegue ser ou quando ela falha de alguma forma. Muitas mulheres sofrem com isso justamente pelo que falei antes, pelas partes que existem na maternidade que só compete a mulher, assim como as dores que só ela vai entender.

Amigas mães como a gente

Refletindo sobre essa romantização da maternidade eu pensei o quanto é importante a troca de ideias e a rede de apoio de mães.

É muito importante ter amigas, pessoas do seu convívio que sejam mães para obter de alguma forma ajuda, ou apenas conversar para você compreender o que está passando.

Eu sou mãe de uma menina de 2 anos,  minha irmã é mãe de 2 meninos, um com 6 anos e outro com 12 anos. Tenho amigas com 2 filhos menores e até 3 filhos. Conversando com essas pessoas que possuem a rede social florida de amor, vi que a rotina também é puxada.

A troca de experiências

Ter amigas que são mães, que vivem as mesmas experiências que as nossas, é uma dádiva. Elas conseguem nos compreender, entendem os nossos sentimentos e ainda compartilham as suas experiências conosco. Muita das vezes elas já passaram pelo que passamos e ainda conseguem nos preparar para o futuro.

Importante nessa amizade é aquela amiga que te ouve, aconselha e, o principal, jamais te julga, pois cada mãe sabe de si, cada mãe sabe o que passa e também tem o seu próprio jeito de educar. Às vezes o que funciona na criação do meu filho não funciona para a criação do filho da minha amiga, até mesmo pelas nossas rotinas que podem ser completamente diferentes.

A cumplicidade é o caminho certo e é ela que vai mover essa amizade para que seja sempre de reconhecimento e puro afeto. Na maioria das vezes é mais fácil enxergar no outro o que não vemos em nós.

Exaustão

Desde que engravidei não vi nenhuma mãe falando que seria uma jornada fácil. Ninguém falou que seria só flores nessa caminhada, e é até difícil entender as pessoas que acham diferente disso. Assim como o casamento, a maternidade é uma escolha, é dedicação, é amor e também tem suas dificuldades.

A maternidade é algo inexplicável e em todos os sentidos ela nos faz entregarmos por inteiro. Ela consegue ter a nossa paciência, a nossa força, o nosso amor e toda a nossa energia.

Sentimos dor física e no coração quando algo acontece com nossos filhos, quando eles ficam doente ou quando sofrem de alguma forma. Ser mãe é realmente inexplicável.

Mãe solo

E nessa caminhada de ser mãe ainda encontramos no percurso as mães solo, como foi a minha mãe, que sempre me inspirou, como contei neste post.

Penso no peso sentimental que essa mãe carrega. Eu não faço ideia do que é passar por isso sendo mãe, passei sendo filha e é tão difícil parar e refletir sobre isso, principalmente agora que sou mãe. Pense nos julgamentos da sociedade sobre a sua escolha.

Sempre reflito como são as noites e a exaustão de ser uma mãe solo. Você simplesmente só tem você. É Difícil!

A dádiva de ser mãe

A maternidade não é fácil, é cheia de desafios. Como comecei o texto falando, acordar várias vezes na madrugada é cansativo, aguentar as fases de pirraça do seu filho e manter a calma para também ensinar a ele o jeito certo, é cansativo.

Além disso precisamos lidar com a nossa insegurança, com as vezes que queremos chorar, com a nossa irritação depois de um dia cansativo de trabalho.

Mas também lidamos com um amor surreal, com sorrisos e aprendizados incríveis que fazem a maternidade ser uma dádiva e simplesmente incrível. E falo isso de coração, porque eu realmente me encontrei na maternidade.

Hoje fiz esse texto para falar de uma parte que desafia qualquer mãe, mas nada disso diminui o amor e a alegria que é de fato ser mãe. É muito mais a receber do que dar. Achei que hoje era necessário desabafar sobre esse outro lado de ser mãe porque ele também grita dentro de nós. Ele conversa conosco todos os dias. Mas sempre vecemos e sempre venceremos todos os obstáculos pelos nossos filhos, e, no meu caso, essa jornada ainda está bem no início. Ainda compartilharei com vocês muitos momentos.

Sobre amizades que ajudam

E falando sobre essa troca de mães, finalizo esse texto com o relato de uma amiga, a Aline, que tem dois filhos e sempre conversa comigo sobre a maternidade real.

” Ser mãe é uma aventura. Cresci ouvindo maravilhas sobre a maternidade, mas quando me deparei com ela, percebi que é mais difícil do que os relatos. Mesmo com todas as dificuldades, me aventurei novamente depois de 8 anos e tive o segundo filho. Comecei tudo de novo. Sim, sou mais madura, mas os medos ainda me rondam.

A maternidade é dolorida, por vezes há frustração, pois no fundo quero acertar, mas na verdade muitas vezes erro, pois não sou perfeita, ninguém é. É aquele clichê: erro querendo acertar! As privações que a maternidade proporciona são muitas. Como já me frustrei por achar que não daria conta de dois. Achava que não estava dando o melhor de mim, isso em todas as áreas ao qual atuo.No fim, tudo se ajeita.

O sentido da vida agora são eles. Tudo o que faço é pra eles. O amor é imenso e me deparo agradecendo a Deus por tamanha graça mesmo em meio às dificuldades da maternidade.

Um dia eles vão crescer e toda a dedicação e dificuldade terá valido a pena.”

E você se surpreendeu com a maternidade? Ou teve uma boa amiga para te contar como era? Mande esse texto para ela saber disso também.